O documentário “Árabes no Paraná – Foz do Iguaçu” será lançado nesta quinta-feira, 17 de novembro/2016, às 18:30 horas, no Hotel Bourbon (Avenida das Cataratas, km 2,5, nº 2345), em Foz do Iguaçu. Escrito e dirigido pela cineasta Lu Rufalco (de “O Mundo Perdido de Kozák”), o curta conta a história da colônia árabe da Cidade das Cataratas, a segunda maior do Brasil e da América Latina.
Viabilizado por meio de patrocínio da Itaipu Binacional, com apoio da Prefeitura Municipal, da Fundação Cultural de Foz do Iguaçu e do Hotel Bourbon, o documentário é uma iniciativa do Conselho de Senhoras da Sociedade Árabe de Beneficência (Saben), que empreende campanha pública para a construção do Hospital da Beneficência Árabe do Paraná.
O projeto prevê ainda outras edições do documentário em cidades de forte imigração árabe, como Curitiba e Paranaguá.
Localização privilegiada
A imigração árabe no Paraná começou há cerca de 140 anos, no contexto da perseguição pelo Império Turco Otomano, a escassez de terras e a visita do imperador D. Pedro II ao Oriente Médio, entre 1871 e 76.
“Sou neto dos primeiros imigrantes sírios nas Américas. Meu avô imigrou para o Brasil em 1892. Meu pai chegou a Foz em 1952, um dos primeiros libaneses da cidade. Por ser a Tríplice Fronteira, com gente de todas as etnias, ele se sentiu em casa. Tendo se estabelecido, o costume libanês é trazer a família e os parentes da cidade de origem”, conta Mohamad Ibrahim Barakat, diretor de assuntos internacionais da Secretaria de Turismo de Foz do Iguaçu, em entrevista ao documentário.
A localização geopolítica é uma das melhores do continente. “Em 1950, Foz do Iguaçu tinha uma área territorial imensa, chegava até Cascavel praticamente, mas não passava de 10 mil habitantes. Hoje, chegamos a 2 milhões, se considerarmos a Tríplice Fronteira. Por isso, acreditamos que seremos a sede do parlamento do Mercosul, até porque já temos a Unila (Universidade da Integração Latino-Americana), que promove essa integração acadêmica. Isso sem falar das riquezas naturais e humanas: temos 80 etnias vivendo na região”, pontua Barakat.
Comunidade organizada
Com direção de Lu Rufalco, o documentário mostra como, ao longo dos anos, a comunidade árabe foi se organizando, afirmando a identidade de sua cultura milenar como presença concreta na realidade local. Escolas, clubes sociais e esportivos, associações beneficentes e templos religiosos foram criados, a culinária incorporada no dia a dia da cidade, a música e a dança encontrando espaço para aflorar.
“É a continuidade das tradições em outro tempo e espaço. Assim como o Rio Iguaçu lança com ímpeto suas águas em outro rio, tornando-o ainda mais forte, a imigração árabe fez do Paraná o destino de sua tradição e cultura, para tornar mais vibrante, mais diversa e feliz a alma brasileira”, considera Rached Traya, presidente da Saben.
Dia do Povo Muçulmano
O Dia do Povo Muçulmano foi instituído municipalmente no dia 12 de maio. “Nesta data, fazemos todos os anos eventos abertos ao público, com debates acadêmicos junto à sociedade, mostrando nossa cultura e o quanto a comunidade muçulmana está inserida no Brasil, no Paraná e em Foz do Iguaçu”, enfatiza a vereadora Anice Nagib Gazzaoui. Além disso, a Mesquita Omar ibn Al-Khattab – inaugurada em 1985 – é um dos pontos turísticos da cidade, recebendo aproximadamente 5 mil turistas a cada mês.
Protagonismo feminino
A comunidade árabe iguaçuense se organiza ainda em grupos e associações femininas, como a União das Damas Libanesas e o Grupo Damas da Mesquita, que faz arrecadações para serem as entidades da cidade, em especial grupos de refugiados sírios que chegam a Foz.
Já a Associação Senhoras Fátima realiza trabalhos sociais e comemora as datas islâmicas junto das datas brasileiras, como a Páscoa e o Natal. “Nossa associação foi fundada para esclarecer que a mulher muçulmana tem igualdade com o homem, pode trabalhar, ser e fazer o que quiser. Nossa religião não restringe às mulheres a serem apenas mães e donas de casa”, ressalta Fatima Hussein Mansur.
Educação multicultural
A Escola Libanesa Brasileira e o Colégio Árabe Brasileiro foram criados para dar continuidade aos costumes e à cultura árabe na cidade. Para isso, recebem alunos de todos os credos e denominações, com lições diárias em três idiomas: português, inglês e árabe. As aulas de ensino religioso são opcionais. Na Unila, existe ainda um núcleo de estudos árabes, espaço acadêmico que mostra o engajamento da comunidade dentro da sociedade iguaçuense.
Ficha técnica
Roteiro e direção: Lu Rufalco
Produção executiva: Tania Silva
Produção local: Samira Omaire
Fotografia e câmera: Paulo Rigotti Junior
Edição: Farpa Gomes
Texto: Berenice Mendes
Locução: Rafael Camargo
Operação de áudio: Andrés Carvajal Proano e Ilson Alecrin
Imagens de arquivo: Vision Arts Produções
Realização: Conselho de Senhoras da Sociedade Árabe de Beneficência (Saben)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Expressões rudes ou vulgares e ofensas a qualquer religião não serão publicadas.