Em 2013, segundo dados do IBGE, foram abatidos 5,6 bilhões
de unidades de frango no Brasil, o maior exportador mundial de carne de frango.
[1]
No ano passado, o Brasil exportou 1,8 milhão de toneladas de
aves e 318 mil toneladas de carne bovina abatidos pelo método halal. Apenas
para os países árabes, as vendas de carne bovina somaram mais de 4 bilhões de
dólares.
O Paraná é o maior Estado brasileiro produtor e o primeiro
no ranking de vendas externas do setor de avicultura, liderando também o abate
halal de frangos. Em 2013, o Paraná ultrapassou 2 bilhões de dólares de
faturamento com exportações de frango. [2]
Estas afirmações podem parecer apenas de natureza econômica,
porém há nelas importantes implicações em relação à organização dos muçulmanos e
à expansão do Islam.
O abate halal de aves e bovinos segundo os princípios
islâmicos pressupõe, primeiramente, uma mão de obra especializada para esta
atividade, ou seja, um núcleo, ainda que pequeno, de muçulmanos na cidade em
que o abate se realiza.
Num segundo momento, esse núcleo islâmico, aglutinado pela
crença comum e pelo mesmo local de trabalho, tende a estabelecer uma
comunidade.
Essa comunidade, quando atinge determinado grau de
organização, costuma tornar-se uma congregação, reunindo-se ao menos em um
local de oração coletiva (sala no próprio local de trabalho, Mussala ou
Mesquita). Se o nível organizativo aumenta, estão geralmente dadas as condições
para a constituição de uma associação ou entidade beneficente muçulmana nessa
comunidade e para o uso de ferramentas digitais visando à difusão do Islam,
como facebook, blogs e sites.
A este quadro geral,
devem ser acrescentados dois outros fatores: a inspeção da carne produzida e a
origem da mão de obra.
Para a inspeção da carne de aves e bovina, é necessária a
presença de certificadoras halal, que garantem a procedência e o rigor do
método utilizado no abate. As principais certificadoras no País são a Cdial Halal, a Cibal Halal/Fambras e a Siil
Halal [3]. Além disso, a participação das certificadoras no
processo produtivo também contribui para a difusão de experiência e conhecimento
junto à comunidade islâmica local.
Quanto à origem da mão de obra, além dos brasileiros
revertidos ao Islam e dos ben-árabes (descendentes de árabes), há os fiéis
imigrados ao Brasil: afro-islâmicos e refugiados.
Os afro-islâmicos são oriundos de distintos países como
Senegal, Nigéria, Moçambique, Somália, Serra Leoa, Guiné e outros. Os refugiados muçulmanos
vêm principalmente de Bangladesh, Paquistão, Síria, Iraque, Palestina, entre
outros.
Afro-islâmicos e refugiados imigram ao Brasil em busca de
melhores condições de vida, de oportunidades de trabalho, de segurança, de paz
ou de refúgio de guerras e perseguições em seus países. Em geral, chegam para
trabalhar no abate halal em frigoríficos e cooperativas.
Muitos acabam sendo vítimas de tráfico internacional de
pessoas ou sofrem com o aliciamento de mão-de-obra e com condições degradantes
de vida ou de trabalho. Enfrentam a barreira do idioma, a burocracia para
obtenção de vistos e documentos no Brasil e, não raro, aqui padecem de preconceitos
por serem estrangeiros (xenofobia), por serem muçulmanos (islamofobia) ou por
sua etnia e raça.
No Paraná, tem sido notável e fundamental o trabalho
desenvolvido pela SBM (Sociedade Beneficente Muçulmana) de Londrina na acolhida
aos imigrantes, no apoio religioso, na solidariedade ativa e no auxílio à
organização dessas comunidades no interior do Estado.
Para pessoas em situação de risco ou de fragilidade, como
são os imigrantes, constitui uma dádiva a possibilidade de congregação
religiosa e proteção mútua.
Dentro desse panorama geral que esboçamos, estão inseridas
as comunidades islâmicas em diferentes cidades do Paraná. O trabalho no abate
halal nos parece ser o meio através do qual se inicia o desenvolvimento,
ampliação, coesão e comunicação dessas comunidades.
Impressiona a profusão de cidades nas quais existe o abate
halal no Paraná, que pressupõe a existência, em cada uma delas, de um núcleo de
muçulmanos, sem os quais não é possível o abate de aves e bovinos segundo os
preceitos do Islam.
A seguir, apresentamos um quadro com as cidades paranaenses
em que há abatedouros com certificação halal. [4]
É oportuno observar que, nas 25 cidades paranaenses com abate halal, na metade delas (12) há local consagrado à oração coletiva da comunidade (sala própria, Mussala ou Mesquita) e, dessas doze, nove foram inauguradas nos últimos quatro anos.
CIDADE
|
ABATEDOURO
|
|
1
|
Arapongas
|
Frango DM
|
2
|
Cafelândia
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Copacol Coop. Agroind. Consolata
|
3
|
Campo Mourão
|
Tyson do Brasil
|
4
|
Capanema
|
Diplomata Industrial e Comercial
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5
|
Carambeí
|
BRF - Brasil Foods (Sadia, Perdigão, Batavo)
|
6
|
Cascavel
|
Copavel / Kaefer Agroindustrial
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7
|
Cianorte
|
Avenorte - Frango Guibon
|
8
|
Cruzeiro do Oeste
|
FrigoAstra / FrigoCruz
|
9
|
Dois Vizinhos
|
BRF - Brasil Foods (Sadia, Perdigão, Batavo)
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10
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Francisco Beltrão
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BRF - Brasil Foods (Sadia, Perdigão, Batavo)
|
11
|
Itapejara do Oeste
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Agrogen S.A Agroindústria
|
12
|
Jaguapitã
|
Avebom / Jaguafrangos
|
13
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Joaquim Távora
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Frangos Pioneiro
|
14
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Mandaguari
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Cooperativa Cocari
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15
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Marechal Cândido Rondon
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Cooperativa Agroindustrial Copagril
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16
|
Maringá
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Gonçalves & Tortola
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17
|
Medianeira
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Coop. Agroindustrial Lar
|
18
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Palotina
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C.Vale Cooperativa Agroindustrial
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19
|
Paranavaí
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Avícola Felipe
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20
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Pato Branco
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Frango Seva
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21
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Rolândia
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Agrícola Jandelle / Granjeiro Alimentos
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22
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Santa Fé
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Avícola Agroindustrial São José
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23
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Toledo
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BRF - Brasil Foods (Sadia, Perdigão, Batavo)
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24
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Umuarama
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Agroindustrial Parati
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25
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Ubiratã
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Unidade Industrial de Aves - Copagril
|
É oportuno observar que, nas 25 cidades paranaenses com abate halal, na metade delas (12) há local consagrado à oração coletiva da comunidade (sala própria, Mussala ou Mesquita) e, dessas doze, nove foram inauguradas nos últimos quatro anos.
Insha Allah, algum dia, haja em todas as 399 cidades do
Paraná!
Eis o mapa com a disseminação do abate halal e a expansão do
Islam no Paraná (pontos azuis identificam abate halal e estrelas verdes indicam Mesquitas ou Mussalas):
Clique no mapa para ampliar |
Em razão do potencial econômico desta atividade produtiva, os investimentos de capital tendem a ampliar as plantas avícolas e, com isso, expandir o abate halal e os próprios núcleos de comunidades islâmicas.
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NOTAS:
[1] IBGE
[2] Cdial
[3] Sites das certificadoras: Cdial Halal, Cibal Halal/Fambras,e Siil Halal.
[4] Fontes: Sindiavipar e Abpa.
Parabéns pela pesquisa, são ótimas informações.
ResponderExcluirAgradecemos suas palavras gentis, porém nada é possível sem o amparo do Altíssimo.
ExcluirO objetivo deste blog é procurar explorar temas pouco debatidos e sistematizar informações dispersas.
Se conseguimos ou não, cabe a Ele julgar.
Precisam de funcionários arabes?
ResponderExcluirانا هاني مصري مسلم مقيم في باوميرا بارنا هل يمكنني أن اعمل معكم وشكرا
Excluirاسلام عليكم ورحمه الله وبركاته انا هاني مصري مسلم مقيم في باوميرا بارنا كنت اعمل في ذبح الدواجن في مصر هل يمكنني أن اجد فرصة عمل معكم
ResponderExcluirتحتاج إلى تأشيرة لدخول البرازيل وتحتاج إلى البحث عن وظيفة في شركة الذبح الحلال في البرازيل.
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