quarta-feira, 22 de outubro de 2014

O Islam e abate halal no Paraná

Em 2013, segundo dados do IBGE, foram abatidos 5,6 bilhões de unidades de frango no Brasil, o maior exportador mundial de carne de frango. [1]
No ano passado, o Brasil exportou 1,8 milhão de toneladas de aves e 318 mil toneladas de carne bovina abatidos pelo método halal. Apenas para os países árabes, as vendas de carne bovina somaram mais de 4 bilhões de dólares.
O Paraná é o maior Estado brasileiro produtor e o primeiro no ranking de vendas externas do setor de avicultura, liderando também o abate halal de frangos. Em 2013, o Paraná ultrapassou 2 bilhões de dólares de faturamento com exportações de frango. [2]

Estas afirmações podem parecer apenas de natureza econômica, porém há nelas importantes implicações em relação à organização dos muçulmanos e à expansão do Islam.

O abate halal de aves e bovinos segundo os princípios islâmicos pressupõe, primeiramente, uma mão de obra especializada para esta atividade, ou seja, um núcleo, ainda que pequeno, de muçulmanos na cidade em que o abate se realiza.

Num segundo momento, esse núcleo islâmico, aglutinado pela crença comum e pelo mesmo local de trabalho, tende a estabelecer uma comunidade.

Essa comunidade, quando atinge determinado grau de organização, costuma tornar-se uma congregação, reunindo-se ao menos em um local de oração coletiva (sala no próprio local de trabalho, Mussala ou Mesquita). Se o nível organizativo aumenta, estão geralmente dadas as condições para a constituição de uma associação ou entidade beneficente muçulmana nessa comunidade e para o uso de ferramentas digitais visando à difusão do Islam, como facebook, blogs e sites.

A este quadro geral, devem ser acrescentados dois outros fatores: a inspeção da carne produzida e a origem da mão de obra.

Para a inspeção da carne de aves e bovina, é necessária a presença de certificadoras halal, que garantem a procedência e o rigor do método utilizado no abate. As principais certificadoras no País são a Cdial Halal, a Cibal Halal/Fambras e a Siil Halal [3]. Além disso, a participação das certificadoras no processo produtivo também contribui para a difusão de experiência e conhecimento junto à comunidade islâmica local.

Quanto à origem da mão de obra, além dos brasileiros revertidos ao Islam e dos ben-árabes (descendentes de árabes), há os fiéis imigrados ao Brasil: afro-islâmicos e refugiados.

Os afro-islâmicos são oriundos de distintos países como Senegal, Nigéria, Moçambique, Somália, Serra Leoa, Guiné e outros. Os refugiados muçulmanos vêm principalmente de Bangladesh, Paquistão, Síria, Iraque, Palestina, entre outros.

Afro-islâmicos e refugiados imigram ao Brasil em busca de melhores condições de vida, de oportunidades de trabalho, de segurança, de paz ou de refúgio de guerras e perseguições em seus países. Em geral, chegam para trabalhar no abate halal em frigoríficos e cooperativas.

Muitos acabam sendo vítimas de tráfico internacional de pessoas ou sofrem com o aliciamento de mão-de-obra e com condições degradantes de vida ou de trabalho. Enfrentam a barreira do idioma, a burocracia para obtenção de vistos e documentos no Brasil e, não raro, aqui padecem de preconceitos por serem estrangeiros (xenofobia), por serem muçulmanos (islamofobia) ou por sua etnia e raça.

No Paraná, tem sido notável e fundamental o trabalho desenvolvido pela SBM (Sociedade Beneficente Muçulmana) de Londrina na acolhida aos imigrantes, no apoio religioso, na solidariedade ativa e no auxílio à organização dessas comunidades no interior do Estado.

Para pessoas em situação de risco ou de fragilidade, como são os imigrantes, constitui uma dádiva a possibilidade de congregação religiosa e proteção mútua.

Dentro desse panorama geral que esboçamos, estão inseridas as comunidades islâmicas em diferentes cidades do Paraná. O trabalho no abate halal nos parece ser o meio através do qual se inicia o desenvolvimento, ampliação, coesão e comunicação dessas comunidades.

Impressiona a profusão de cidades nas quais existe o abate halal no Paraná, que pressupõe a existência, em cada uma delas, de um núcleo de muçulmanos, sem os quais não é possível o abate de aves e bovinos segundo os preceitos do Islam.

A seguir, apresentamos um quadro com as cidades paranaenses em que há abatedouros com certificação halal. [4]


CIDADE
ABATEDOURO
1
Arapongas
Frango DM
2
Cafelândia
Copacol Coop. Agroind. Consolata
3
Campo Mourão
Tyson do Brasil
4
Capanema
Diplomata Industrial e Comercial
5
Carambeí
BRF - Brasil Foods (Sadia, Perdigão, Batavo)
6
Cascavel
Copavel / Kaefer Agroindustrial
7
Cianorte
Avenorte - Frango Guibon
8
Cruzeiro do Oeste
FrigoAstra / FrigoCruz
9
Dois Vizinhos
BRF - Brasil Foods (Sadia, Perdigão, Batavo)
10
Francisco Beltrão
BRF - Brasil Foods (Sadia, Perdigão, Batavo)
11
Itapejara do Oeste
Agrogen S.A Agroindústria
12
Jaguapitã
Avebom / Jaguafrangos
13
Joaquim Távora
Frangos Pioneiro
14
Mandaguari
Cooperativa Cocari
15
Marechal Cândido Rondon
Cooperativa Agroindustrial Copagril
16
Maringá
Gonçalves & Tortola
17
Medianeira
Coop. Agroindustrial Lar
18
Palotina
C.Vale Cooperativa Agroindustrial
19
Paranavaí
Avícola Felipe
20
Pato Branco
Frango Seva
21
Rolândia
Agrícola Jandelle / Granjeiro Alimentos
22
Santa Fé
Avícola Agroindustrial São José
23
Toledo
BRF - Brasil Foods (Sadia, Perdigão, Batavo)
24
Umuarama
Agroindustrial Parati
25
Ubiratã
Unidade Industrial de Aves - Copagril

É oportuno observar que, nas 25 cidades paranaenses com abate halal, na metade delas (12) há local consagrado à oração coletiva da comunidade (sala própria, Mussala ou Mesquita) e, dessas doze, nove foram inauguradas nos últimos quatro anos.

Insha Allah, algum dia, haja em todas as 399 cidades do Paraná!

Eis o mapa com a disseminação do abate halal e a expansão do Islam no Paraná (pontos azuis identificam abate halal e estrelas verdes indicam Mesquitas ou Mussalas):

Clique no mapa para ampliar

Em razão do potencial econômico desta atividade produtiva, os investimentos de capital tendem a ampliar as plantas avícolas e, com isso, expandir o abate halal e os próprios núcleos de comunidades islâmicas.

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NOTAS:

[1] IBGE
[2] Cdial
[3] Sites das certificadoras: Cdial Halal, Cibal Halal/Fambras,e Siil Halal.
[4] Fontes: Sindiavipar e Abpa.

sábado, 11 de outubro de 2014

Mesquita de Jaguapitã



Mesquita Hazrat Omar (ra)

Endereço: Avenida Bandeirantes, 225. Centro. Jaguapitã - Paraná
Fone: Ø
Blog: clique aqui
Facebook: clique aqui
HISTÓRIA:

A Mesquita Hazrat Omar (Zame Moshzid) da cidade de Jaguapitã, cuja população é de aproximadamente 12 mil habitantes, foi fundada em outubro de 2013.
Os muçulmanos de Jaguapitã construíram e edificaram, literalmente, a sua Mesquita colocando mãos à obra com cimento, tijolos, telhas etc.
A comunidade muçulmana é principalmente constituída por bengaleses e grande parte dela trabalha no abate halal em frigoríficos da região, como na avícola Avebom e na Jaguafrangos.


Interior da Mesquita de Jaguapitã

Interior da Mesquita Hazrat Omar

Comunidade muçulmana de Jaguapitã

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Mesquita de Francisco Beltrão


Nova Mesquita de Francisco Beltrão - 2015 (exterior)



EndereçoRua São Cristóvão, 386. Bairro Pinheirinho. Francisco Beltrão - Paraná
FoneØ
Site: não possui
FaceBook: clique aqui

HISTÓRIA:
A primeira Mussala foi inaugurada em março de 2014 e funcionava na Avenida Atilio Fontana, 3883, no Bairro Pinheirinho.
A nova Mussala, agora Mesquita El-Rahman, foi inaugurada em setembro de 2015, para acomodar mais fiéis de uma comunidade em crescimento.
A comunidade islâmica na cidade de Francisco Beltrão, cuja população é de aproximadamente 85 mil habitantes, é constituída por cerca de 70 pessoas.
A maioria dessa comunidade trabalha no abate halal dos Frigoríficos Sadia na cidade.
São muitos imigrantes islâmicos de Bangladesh (o maior grupo), além de muçulmanos vindos da África (Congo, Gana, Marrocos, Somália) e do Paquistão, alguns poucos árabes e brasileiros revertidos ao Islam. Também há a fundamental presença feminina: as esposas de estrangeiros imigrados.
A Mussala oferece aulas de português para os imigrantes e, em breve, haverá também aulas de idioma árabe.


A comunidade de Francisco Beltrão na nova Mesquita - 2015


Interior da nova Mesquita


Interior da nova Mesquita (2015)


Interior da nova Mesquita (2015)
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As fotos abaixo são da primeira Mussala de Francisco Beltrão

Primeira Mussala de Francisco Beltrão - 2014 (interior)

Comunidade muçulmana em Francisco Beltrão - 2014

Muçulmanos e muçulmanas de Francisco Beltrão -2014

Khutba do Eid al-Adha (Festa do Sacrifício) em Francisco Beltrão

Salat do Eid al-Adha (Dhul-Hijjah 1435)

  • Notícia sobre a comunidade muçulmana no Jornal de Beltrão: clique aqui

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Mesquita de Marechal Cândido Rondon


Mesquita Muhammadia Jame

Endereço: Rua Minas Gerais, 437, Sala 02. Centro. Marechal Cândido Rondon - Paraná
Fone: Ø
Site: não possui
FaceBook: clique aqui
 Mesquita de Marechal Cândido Rondon

HISTÓRIA:

A Mesquita Muhammadia Jame foi inaugurada em junho de 2014.

Na cidade de Marechal Cândido Rondon, cuja população é de cerca  de 47 mil habitantes, está uma das maiores colônias de bengalis (ou bengaleses) do Brasil, muitos deles na condição de refugiados.
A comunidade muçulmana na cidade é formada por cerca de 150 pessoas, vindas de Bangladesh, Paquistão, Senegal, Gana, Nigéria, Somália e Síria. Grande parte dessa comunidade trabalha no abate halal dos Frigoríficos Copagril do município, contribuindo por tornar o Brasil o maior exportador mundial de carne de frango halal.
Anteriormente as orações coletivas (Salat ul-Jumu'ah) eram feitas dentro das dependências da empresa, porém, desde Shaban-Ramadan 1435, têm agora o local consagrado.
Interior da Mesquita Muhammadia Jame

Comunidade Muçulmana de Marechal Cândido Rondon